A concessionária Mirante, empresa responsável pela coleta e tratamento de esgoto de Piracicaba, por meio de uma PPP (Parceria Público-Privada) com o Semae, traz em seu DNA a preocupação com a sustentabilidade. Desde que assumiu o esgotamento sanitário da cidade, em 2012, não só universalizou o tratamento como tem buscado novas tecnologias para minimizar impactos ao meio ambiente.

Em 2019, a concessionária construiu, na ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) Bela Vista, um secador de lodo – o subproduto do esgoto – à luz solar. O resultado foi muito positivo, pois reduziu em um terço o volume do material destinado a aterros. “Desde o início das atividades em Piracicaba, a concessionária Mirante sempre procurou alternativas para redução de custo e disposição do lodo proveniente das ETEs. Optamos pelo secador solar, que consiste em um piso de concreto em estufas agrícolas. Para manejo, um trator com pá carregadeira e enxada rotativa”, explica o diretor executivo da concessionária, Ozanan Pessoa.

Mesmo com o secador solar, para a empresa, descartar o lodo em aterros ainda não era o ideal. Em parceria com a Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz) e a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), a concessionária encontrou uma saída ecológica.

Misturado com material estruturante (resultado de poda e grama realizadas na cidade) e a adição de nitrogênio, o lodo se transformou em fertilizante agrícola. Em fase se experimento, já está sendo utilizado em algumas culturas, como cana-de-açucar e tomate. Segundo a coordenadora de Operações e Serviços da concessionária Mirante, Laís Fonseca Gomes, “Todo o lodo gerado no tratamento de esgoto de Piracicaba já passa pelo secador e a intenção é que esse subproduto seja 100% utilizado na produção de fertilizante”.

“Esse projeto de compostagem é motivo de orgulho para a concessionária Mirante, pois vem ao encontro de nossa filosofia. Imagine o impacto positivo disso, ou seja, reutilizar da maneira mais sustentável possível, o subproduto do esgoto. Isso é um ganho enorme para o meio ambiente”, disse o diretor-presidente da Mirante, Jacy Prado.

“A compostagem é o processo mais adaptado para tratar resíduos orgânicos. Com ela, é possível estimular a decomposição de materiais orgânicos e a redução de contaminantes como patógenos e metais pesados para se obter um material estável, rico em matéria orgânica humificada e nutrientes minerais”, explica a pesquisadora da APTA, Edna Ivani Bertoncini.

O PROCESSO

Em Piracicaba, 100% do esgoto coletado – 3 milhões de metros cúbicos/mês – são tratados em 25 ETEs, sendo geradas 1.200 toneladas de lodo mensalmente. O secador solar tem a capacidade de secar, aproximadamente, 70% da água do lodo, reduzindo o volume em um terço do total. Após a redução, o lodo é misturado com 1.800 toneladas de material estruturante, resultado da poda de arvores e grama na cidade. O resultado desse processo são 1.800 toneladas de compostagem orgânica destinada à agricultura.

“A conta é simples: 1.200 toneladas de lodo são juntadas à 1.800 toneladas de material estruturante, totalizando 3.000 toneladas de material. Após a compostagem, chegamos a 1.800 toneladas de composto orgânico destinados à agricultura”, resume Laís.

EM NÚMEROS

25 ETEs tratam 3 milhões de metros cúbicos/mês de esgoto gerado em Piracicaba;

1.200 toneladas de lodo/mês são geradas como subproduto do esgoto;

Após passar pelo secador solar, volume do lodo reduz em 1/3;

Após a redução, lodo é misturado com 1.800 toneladas de material estruturante, resultado da poda de arvores e grama na cidade;

Após a compostagem, o resultado são 1.800 toneladas de compostagem orgânica destinada à agricultura.